"Liberdade de Imprensa em Risco: A Luta Contra o Silenciamento"
Cronica Ricardo Alexandre'.'
Em uma cidade qualquer, o cenário se repete: discursos empolgados, promessas de mudança e sorrisos largos estampados nas redes sociais. Os gestores municipais caminham pelas ruas, seguros de que suas narrativas são inquestionáveis, cercados por assessores e vereadores que pintam a realidade com cores bem mais bonitas do que a verdade permite. Mas, por trás das aparências, há uma inquietação que não se apaga: a presença incômoda da imprensa e um jornalismo que não se vende.
Para muitos prefeitos, vereadores e secretários, a saúde, o social e a educação são vitrines embaçadas. Prometem escolas de qualidade, mas entregam prédios caindo aos pedaços; dizem que a saúde está em primeiro lugar, mas as filas nos postos e prontos socorros são intermináveis. E é exatamente nesse cenário que a imprensa entra, revelando o que se tenta esconder sob camadas de discursos bonitos e números manipulados.
A imprensa escrita, com suas reportagens detalhadas e fotografias que capturam a verdade sem filtro, é vista como um inimigo a ser combatido. Mostrar escolas sem estrutura e resultados de ensino, filas de pacientes desesperados por atendimento, vereadores e seus apadrinhados passando os amigos na frente e a falta de remédios é considerado um ato de afronta aos gestores. E o que fazem eles, em vez de resolver os problemas? Tentam calar a voz que denuncia.
Não é fácil lidar com uma imprensa que insiste em mostrar o que está errado. Para os gestores e seus vereadores puxa-saco que preferem a fantasia à realidade, o jornalismo sério é uma pedra no sapato, um incômodo constante. Eles não querem saber das crianças que estudam sem merenda e não têm um ótimo desempenho ou dos pacientes que esperam meses ou até anos por uma consulta ou exames; querem apenas que essas histórias desapareçam das páginas dos jornais.
E assim começa o jogo sujo: dificultam o acesso à informação, ameaçam de morte, colocam em grupo quem é o jornalista, tudo para punir e mostrar seu poder administrativo. É um tipo de censura velada, um cerco silencioso que tenta asfixiar a liberdade de imprensa. Para esses gestores e legisladores, o problema não é o caos na saúde ou na educação; o problema é quem ousa revelar o caos.
Mas o direito à liberdade de imprensa é mais forte do que qualquer tentativa de censura. A imprensa livre é o último reduto de quem ainda acredita na mudança, de quem não se conforma com o abandono e o descaso. E por mais que tentem silenciar os jornais, a verdade sempre dá um jeito de vir à tona. Ela está nas páginas impressas, nas redes sociais, nas conversas de esquina. É um movimento que os gestores não conseguem conter, porque a informação é viva, indomável.
No fundo, a maior arma da imprensa é sua própria existência. Cada reportagem publicada é um ato de resistência, um lembrete de que o direito à informação é sagrado e inegociável. Os gestores que tentam calar a voz da verdade, sem respeitar o direito à liberdade de imprensa, estão lutando uma batalha perdida. A imprensa é protegida por um conjunto de leis e princípios fundamentais que garantem o direito à liberdade de expressão e de imprensa, pilares essenciais em qualquer democracia. No Brasil, a proteção à imprensa está assegurada principalmente pela Constituição Federal de 1988, que é a lei maior do país.
Porque, enquanto houver alguém disposto a contar a história, nenhuma tentativa de silêncio será capaz de apagar a realidade.
Eles podem tentar calar, perseguir, censurar e até ameaçar. Mas a nossa imprensa é teimosa, e a verdade, persistente. E enquanto houver uma única página impressa denunciando o que está errado tanto no executivo quanto no legislativo e na nossa cidade, os gestores jamais conseguirão esconder o que realmente acontece no social, na saúde e na educação. A imprensa é o eco que não se cala, a resistência que se faz voz. E essa, nenhum poder consegue calar. Daremos vozes para quem precisar ser ouvido. Como sempre falo, jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade.
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