Roda de coletivo se desprende em Monte Carmelo e expõe precariedade do transporte público; prioridades da administração são questionadas.

Na manhã desta terça-feira (19), por volta das 6h30, um ônibus coletivo que transportava estudantes e trabalhadores sofreu um grave incidente no bairro São Sebastião, em Monte Carmelo-MG. Durante uma curva em direção ao bairro Jardim Oriente, uma das rodas do veículo se desprendeu, gerando pânico entre os passageiros.

Apesar do risco iminente, o motorista demonstrou habilidade ao controlar o veículo, evitando que tombasse e, potencialmente, uma tragédia maior. “Foi um susto enorme, mas graças a Deus tudo terminou bem”, relatou uma passageira que seguia para o trabalho. Um estudante universitário, que utiliza o transporte diariamente, desabafou: “Foi um alívio saber que ninguém se feriu”.

O episódio reacendeu críticas às condições da frota de transporte público da cidade, que, segundo os usuários, enfrenta problemas como manutenção inadequada, bancos rasgados e falta de limpeza. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, as condições internas dos veículos são mostradas como insalubres e impróprias para os passageiros.

Vídeo © Redes/ Sociais

Um morador do bairro São Sebastião lamentou: “Só porque o transporte é gratuito, acham que podem ignorar nossa segurança.” É inadmissível colocar nossas vidas em risco dessa forma.

A prefeitura, responsável pela gestão do transporte coletivo, foi procurada, mas até o momento não se manifestou oficialmente sobre as condições do veículo ou as medidas que serão tomadas para prevenir novos incidentes. A expectativa dos moradores é que uma investigação seja aberta para apurar as causas do acidente e garantir que a frota receba a manutenção necessária.

Além disso, o caso trouxe à tona o contraste entre os problemas enfrentados pela população e os gastos considerados questionáveis da administração municipal. Recentemente, a prefeitura registrou a locação de um veículo SUV de alto padrão para atender à Secretaria Municipal de Planejamento e Comunicação Social, gerando indignação entre os moradores. “Enquanto a população anda em ônibus quebrados, os secretários desfilam em SUVs pagos com dinheiro do povo”.

A polêmica também expôs a atuação da Câmara Municipal. Nossa redação acompanha o plenário e apenas dois dos nove vereadores têm desempenhado um papel ativo na fiscalização do Executivo. O vereador Damiron de Sousa Oliveira (CB Souza PSDB) questionou em plenário a locação do SUV e destacou a disparidade entre os investimentos. A resposta da prefeitura sobre o veículo gerou ainda mais insatisfação, mostrando que teria alugado o veículo.

Dra. Simone Leal (PSDB), vereadora eleita em 2024 e conhecida por sua postura crítica à atual gestão, usou suas redes sociais para reafirmar o compromisso com a fiscalização. “Ano que vem isso vai mudar, terá quem fiscalize”, escreveu ela. Em um programa de rádio local, ela e outros parlamentares da oposição prometeram ser mais rigorosos no próximo mandato, que contará com cinco vereadores da situação e quatro da oposição.

O incidente do ônibus desta terça-feira (19), somado à recente pane que deixou 80 adolescentes parados na estrada em 27 outubro, evidencia as falhas na infraestrutura pública e os desafios de gestão enfrentados pela administração municipal. Enquanto isso, a população continua a questionar as prioridades da gestão e exige respostas para garantir segurança e qualidade nos serviços públicos.

Fico pensando... Na época da política, os ônibus gratuitos de Monte Carmelo foram exaltados como símbolo de vitória, com promessas de um futuro próspero para todos. “O pai que criou o transporte gratuito”, diziam os discursos. Mas qual é o preço dessa “gratuidade”?

"Grátis" não significa sem custo. Para muitos, o custo é alto: veículos velhos, mal conservados, bancos rasgados e a insegurança de viajar em um transporte que pode, a qualquer momento, se tornar um risco à vida. O que adianta um transporte gratuito se ele não oferece dignidade?

Enquanto isso, autoridades se deslocam em SUVs de luxo, no ar-condicionado e com gasolina paga pelo povo, vivendo em confortos que são inacessíveis para quem mais precisa. E quem paga a conta? O trabalhador, o estudante, a dona de casa, todos dependentes de um transporte público que não atende às suas necessidades básicas.

A frase que tanto é repetida pelos governantes - “Monte Carmelo para frente, sem deixar ninguém para trás” - parece mais um slogan vazio, uma promessa que não se cumpre. Quem realmente fica para trás são os cidadãos mais carentes, aqueles que dependem do transporte público para trabalhar, estudar ou cuidar de sua vida cotidiana. E enquanto isso, o povo continua a questionar: o que adianta um transporte gratuito, se ele não garante segurança, dignidade ou respeito? O que adianta prometer progresso se ele não chega às comunidades mais vulneráveis?

Monte Carmelo precisa refletir: um ônibus gratuito sem dignidade não é progresso. A política deve ser mais do que promessas vazias; deve ser feita de ações concretas que atendam a quem realmente precisa. Até quando a população mais carente continuará sendo deixada para trás?

Contudo, até o fechamento desta matéria, nenhum representante da secretaria e prefeitura retornou as ligações. O Jornal Sentinela Carmelitano permanece aberto para manifestações da Prefeitura de Monte Carmelo e de seus representantes. A equipe de reportagem está à disposição para ouvir esclarecimentos sobre as possíveis falhas mecânicas. O espaço está sempre disponível para que as autoridades possam oferecer respostas e soluções para a comunidade.