Vida Invisível a Jornada de Um Morador em Situação de Rua
Resolver a questão dessas pessoas tem a ver com reconstruir um caminho de volta ao lar.
Em cada esquina na cidade, em cada canto ou praças, encontramos histórias de vida que são muitas vezes ignoradas. Esta matéria é dedicada a dar voz aos moradores de ruas, a entender suas experiências e a humanizar suas histórias. Muitos são os motivos que podem levar alguém a vagar pelas ruas, sem referência, sem lar. As pesquisas realizadas com a população nessa condição indicam que alguns estão ali por causa do vício em drogas, álcool, problemas de saúde mental, desemparo econômico ou desavenças familiares. Muitos julgam como se fosse uma escolha de vida. Primeiro, não existem moradores de rua. Na rua não se mora. O conceito de morar não se aplica a qualquer espaço que não seja um lar, falam-se pessoas em situação de rua. Conforme o Ministério do Desenvolvimento Social, em abril de 2023, mais de 22 mil pessoas se encontram em situação de rua em Minas Gerais, número superior aos habitantes de 653 municípios mineiros.
Hoje fala-se em pessoas em situação de rua. Nossa equipe deparou neste domingo, 09/06/2024, com 03 pessoas em situação de rua na cidade de Monte Carmelo (MG) e no local, a nossa reportagem conversou com dois moradores em situação de rua. Restam as histórias. Como a do Thiago Rodrigo Ferreira Silva, de 38 anos, que, desde 2017, se encontra com a perna esquerda quebrada e o braço esquerdo trincado e não sabe o que é dormir dentro de quatro paredes. Operador de máquinas, técnico em informática de formação, 2º grau completo e bico em várias outras como auxiliar de obras, ele viu na rua a única saída, após ser desacreditado pela família e rejeitado pelo mercado de trabalho. “O dia a dia é o mais difícil. Thiago vive com ajuda de moradores locais e da igreja, a 4 messes onde ele escapa dos frios, o local e a marquise da biblioteca pública da cidade.
O cuidado com que dois moradores em situação de rua organizam o local chamou a nossa atenção, pois o local é muito limpo e não possui mau cheiro. Um dos moradores, o Sr. Uilson do Nascimento Júnior, de 36 anos, naturalizado na cidade de Xique-Xique, na BAHIA (BA), com apenas a 6a série de ensino médio, experiencia em caseiro, também em situação de rua no mesmo lugar que o Sr. Thiago relata: “Somos todos invisíveis. Nossa presença não faz diferença para ninguém, apenas para aqueles que passam por nós, uns sentem medo, outros até raiva. Acham que todos são vagabundos, mas estão enganados. Essas são as palavras de um homem que vive há 23 anos nas ruas carmelitanas. “Perguntamos para estas pessoas que estão em situação de rua se na cidade tivesse um albergue, o que mudaria em suas vidas”? Thiago e Uilson responderam sem pensar, aumentaria a suas autoestimas, como um simples banho, cama e higiene pessoal disse”. Não só em Monte Carmelo (MG), mas em várias outras cidades, faltam políticas de moradia, abrigo ou casa de passagem para a população de rua. Já que estamos em ano eleitoral, que os próximos governantes tenham um olhar especial à população em situação de rua, não devolvendo os problemas para cidades de origem, mas sim tentando realoca-las em sociedades com cursos profissionalizantes para ter inclusão na sociedade e poder voltar ao mercado de trabalho e ter uma moradia digna!
Quando estávamos finalizando a nossa matéria, notamos a alegria que Thiago e Uilson tiveram ao receberem o famoso franguinho de domingo, e quem quiser e puder ajudar, como bermudas, calças e blusas, é só levar em frente à biblioteca pública da cidade. A numeração de bermuda e calça é o 42 para ambos. O terceiro morador não quis conversar com a nossa equipe de reportagem, e até ameaçou quebrar os equipamentos caso fosse fotografado! Lembrando que ele estava em um local público de um prédio público.
Mais a simpatia do Sr. Thiago e Sr. Uilson, com a nossa reportagem foi uma das melhores, por conta disto estamos produzindo esta matéria e compartilhando um pouco de suas histórias. Muitos moradores em situação de rua têm esperança de um futuro melhor. Eles sonham com um lar, com a oportunidade de trabalhar, com a chance de reconectar-se com suas famílias. Esses sonhos são um lembrete de que, apesar de suas circunstâncias, eles compartilham os mesmos desejos e aspirações que todos nós. Ao olhar para os moradores em situação de rua, é importante lembrar que estamos olhando para nossos semelhantes. Eles são pessoas com sonhos, esperanças e histórias para contar. Ao dar-lhes uma voz e ao trazer suas histórias, podemos começar a mudar a forma como a sociedade vê e trata os moradores em situação de rua da nossa cidade. E, quem sabe, podemos até começar a encontrar soluções para ajudá-los a sair das ruas e a reconstruir suas vidas. Afinal, a empatia é o primeiro passo para a mudança.
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